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A decepção da conexão falsa

  • Leonardo Budal
  • há 5 dias
  • 2 min de leitura

Atualizado: há 3 dias

Encontros e desencontros da vida podem derrubar um homem ou, quem sabe, um cavalo. Por um momento, eu realmente pensava que seria alguém especial. Acreditava ter algo diferente do usual em minhas mãos, em meu peito, em minha mente. Achei encontrar alguém capaz de suprir uma necessidade que eu carregava desde os dez anos. Um conduto que me levaria direto à alta voltagem. Mas talvez eu colocasse muita expectativa em algo tênue, frágil, translúcido, em algo que, de fato, não fosse real — ao menos, não para você.

Superar o fato de que não dava certo, de que nosso santo não batia, é difícil, já que eu depositava muitas esperanças em algo inexistente. Mentiras eram contadas a alguém que se fingia de apaixonado. No final, eu não consigo colocar a culpa em você, pois sentia que foste honesta do começo ao fim. Entretanto, eu não deixava de perceber que era usado de alguma maneira, de um jeito inexplicável que feria meu orgulho e abalava minha percepção de futuro. Eu não sentia ódio do nosso encontro, apenas pena de que, no fim, toda aquela conversa nas redes não passava de estímulo torpe para o nosso orgulho frágil.

Nossas conversas curtas, silenciosas e monossilábicas me causavam desconforto. Tudo era estranho e bizarro. Felizmente, ao olhar as fotos do nosso encontro descompensado, eu percebi que tudo podia quebrar nossas expectativas. Enquanto as observava, ficava satisfeito em saber que ambos enxergávamos um fim para aquela relação curta e indecente que mantemos, já que nada do que vivíamos condizia com a realidade crua que se apresentava a nós. Vendo que já não nos atraímos, lentamente nos afastamos em um silêncio mortal que assassinava as expectativas restantes.

Disse uma vez que todas as pessoas que conhecia pareciam chatas. Eu acreditava que, ao dizer isso, esquecia  de olhar o próprio reflexo. Como eu era o único a tentar engajar algo, talvez tivesse alguma autoridade em afirmar que aquilo acabava. Eu sentia que, se continuássemos, alguém sairia machucado e, pior, magoado. Ainda assim, nossa conexão inicial sob a proteção das telas era boa, mesmo que tensa e seca.

No final, tudo era culpa daquele maldito ambiente em que nos conhecemos, onde tudo era fútil, inclusive eu. Não havia como dar certo, não com tantos contras ao redor. Tudo parecia esquisito, bizarro e sem sentido. Repetitivo, apavorante e confuso. Ainda assim, eu achava que valia a pena, mas agora era o fim. Encerramos aquilo e seguimos caminhos diferentes: você para lá e eu bem para cá. Eu não exijo amizade nem simpatia, quero apenas limpar o que fora uma esperança de algo que poderia ser esplendoroso, se assim colaborassem, se assim quiséssemos.

Deixava ali meu único recado, meu não amor. Que olhassem mais para si do que para os outros. Que encontrasses muitas respostas para suas indagações dentro de ti. Que não afastes as pessoas criando inverdades em tua mente. Que opinasse, mas não te irritaste diante das divergências. Que buscasse aprimorar outras habilidades e não desistimos tão facilmente do que poderia te tornar mais interessante. E, por favor, que parasse de fumar. Esse hábito destrói tua aparência e afasta as pessoas. Apesar de tudo, meu único arrependimento foi aquele energético horroroso que me fizeste comprar.


Um par de lâmpadas
Luzes que não funcionam mas que permanecem em uma falsa conexão


Leonardo Budal



 
 
 

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